Efeito do exercícios físico durante o tratamento do câncer

Leandro Marques

Aluno da pós-graduação na Plenitude Educação

@leandrorm

Diferentes estudos têm demonstrado que a prática de exercício físico pode reduzir o risco de desenvolvimento de vários tipos de câncer, entre eles câncer de cólon, mama e câncer de próstata. Esses efeitos positivos do exercício na prevenção são vistos em diferentes  variações de estímulos corporais, como musculação, corrida em esteira e natação. Em pesquisas realizadas em modelo animal, foi observado que o exercício físico foi capaz de diminuir a incidência de surgimento do tumor, inibir o crescimento do tumor, diminuição da metástase, e melhora no da resposta ao tratamento.

Impacto do exercício físico

A prática do exercício físico envolve repetições de várias sessões de treino que são realizadas rotineiramente e essa ação gera um grande desafio para o organismo tentar manter a homeostase, gerando assim a adaptação de células, tecidos e  sistemas  orgânicos. Essas adaptações metabólicas e fisiológicas são mais discutidas em diferentes sistemas e tecidos e menos abordado no tumor. Entretanto os efeitos positivos da prática do exercício físico são notadamente associados a alterações positivas em diferentes parâmetros fisiológicos como na aptidão cardiovascular, aptidão cardiopulmonar, composição corporal, fadiga e na qualidade do sono e sensação de autonomia.

Esses efeitos positivos são de fundamental importância para o paciente oncológico, melhorando assim o seu estado clínico. Vale ressaltar que o treinamento físico tem mostrado alguns caminhos de como pode ser positivo para o paciente oncológico durante o tratamento do câncer, inclusive concomitante com a utilização de medicamentos. Na sua grande maioria, os pacientes oncológicos em tratamento são submetidos a uma ou mais formas de tratamento antineoplásicos como: cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia, sendo que muitas vezes a interação simultânea desses vários tratamentos é considerado uma alternativa. Dentro disso, por muito tempo se pensava que o fato de o paciente oncológico estar em algum tratamento, poderia inviabilizar a realizar exercícios físicos, visto que os quimioterápicos por exemplo, mesmo sendo importantes ferramentas por trazerem efeitos positivos na redução da severidade da doença, impactam de uma maneira geral no bem-estar dos pacientes com câncer, podendo gerar fadiga, náuseas, diarreias e outros sinais e sintomas importantes. Entretanto, essa visão vem sofrendo grandes mudanças com o aumento das evidências associadas com a capacidade do exercício físico de minimizar a toxicidade do tratamento e colaborar para o aumento da eficácia e potência das terapias tradicionais contra o câncer.

Durante o tratamento radioterápico é necessário um fornecimento de oxigênio adequado  para os tumores, visto que, essa oxigenação é importante para promover a formação de espécies reativas de oxigênio contribuindo para o efeito terapêutico do tratamento (que é extremamente oxidativo). Com isso, um dos efeitos da prática do exercício físico é a capacidade de gerar benefícios no sistema circulatório e na distribuição de oxigênio para os tecidos periféricos do corpo. O sistema circulatório durante o exercício é controlado pelo sistema nervoso simpático, elevando a frequência cardíaca e a pressão arterial, oque altera a tensão vascular. Essas mudanças biofísicas geradas pelo exercício tem o potencial de aumentar a perfusão tumoral, que com o tempo auxilia no aumento da angiogênese e a vascularização infratumoral. Em estudos com modelos animais observou que o aumento da perfusão pode neutralizar o estresse intratumoral relacionado a hipóxia.

Temos que ter em mente que a eficácia do tratamento quimioterápico e da imunoterapia é influenciada pela perfusão sanguínea intratumoral adequada, que possibilita que as células imunológicas e as drogas cheguem no interior do tumor. Esses efeitos positivos causados  pelo exercício físico também são importantes durante a utilização da quimioterapia a longo prazo, pois a ação da resposta imune é fundamental durante a eliminação do tumor e a criação da memória imune que é primordial para proteção futura contra o tumor.

Vale ressaltar também que a cirurgia/ressecção em tumores sólidos podem ser uma das primeiras linhas de tratamento propostas aos pacientes. Nesse contexto, o exercício físico também vem ganhando espaço como uma estratégia importante no período pré-operatório. Estudos clínicos têm observado que a melhora das capacidades físicas em pacientes fragilizados pode reduzir as morbidades pós-operatórias durante permanências longas no hospital. Durante a cirurgia fatores relacionados às alterações no sistema imunológico aumentam o risco a longo prazo da progressão tumoral e metástase. O exercício tem o potencial para modular positivamente esses processos, tanto a regulação da metástase tumoral quando a função imunológica, além de melhorar a tolerância ao estresse hormonal e metabólico, dessa forma o exercício físico ao mesmo tempo auxilia na diminuição das complicações após a operação e reduz o risco de doença residual.

Mesmo com apontamentos importantes com relação aos efeitos positivos do exercício físico durante o tratamento de câncer, muitos desses estudos foram realizados em modelos animais, desta forma estudos clínicos são fundamentais para compreender melhor os efeitos sinérgicos da prática do exercício físico e tratamentos oncológicos tradicionais.

Vale ressaltar que na prática observamos um efeito incrível na melhora da qualidade de vida e modulação da fadiga do paciente oncológico, efeito esse decorrente de uma boa integração entre a equipe multiprofissional (principalmente entre os oncologistas, nutricionistas e educadores físicos).

Quer saber mais sobre o assunto? Acesse:

Artigo 1

Artigo 2

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