Andressa Aguiar
Aluna da pós-graduação na Plenitude Educação
@andressaaguiarnutri
A COVID 19 é uma doença infecciosa, de rápida transmissão e extremamente contagiosa, da síndrome respiratória aguda grave (SARS-coV-2), que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a maioria (cerca de 80%) dos pacientes com COVID 19 podem ser assintomáticos ou oligossintomáticos (poucos sintomas), e aproximadamente 20% dos casos detectados requer atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória, dos quais aproximadamente 5% precisarão de ventilação mecânica.
Os sintomas do COVID-19 podem variar desde um resfriado leve até um quadro de pneumonia severa. Os sintomas mais comuns são: tosse, febre, coriza, dor de garganta, dificuldade de respirar, perda de olfato (anosmia), alteração do paladar (ageusia), distúrbios gastrointestinais (náuseas/ vômitos/ diarréia), cansaço (astenia), diminuição do apetite (hiporexia) e dispnéia (falta de ar).
A transmissão do vírus pode acontecer por meio de: toque de aperto de mão contaminado, gotículas de saliva, espirro, tosse, objetos ou superfícies contaminadas, como celulares, mesas, talheres, maçanetas, brinquedos, teclado de computador, entre outros.
No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde decretou que o surto de COVID-19 evoluiu para uma pandemia, ou seja, a doença se espalhou por todo o planeta ocorrendo transmissão contínua. Com o surto do vírus, veio a preocupação de muitos estudiosos com a redução dos níveis de atividade física da população, já que esse sedentarismo pode resultar em perda da condição física, mental e de saúde.
A prática regular de atividade física é essencial, tanto para o tratamento quanto para a prevenção de doenças. Vale ressaltar também sua relação com o sistema imunológico. Estudos apontam que a prática de exercícios físicos é fundamental para fortalecer o sistema imunológico, inclusive, diminuindo a incidência de doenças transmissíveis como as infecções virais, como o SARS-coV2.
A importância dos exercícios físicos para fortalecer o sistema imunológico
A prática regular de exercícios físicos é essencial para todos, válida para os grupos de riscos ou não, com o objetivo de melhorar o sistema imunológico, a ansiedade, o estresse, a depressão, entre outros. Essa recomendação se estende a pessoas em distanciamento social, que não estejam infectadas pelo SARS-coV2, e para as pessoas que estejam infectadas, mas permanecem assintomáticas.
Durante o exercício físico, uma série de citocinas pró e antiinflamatórias são liberadas, há incremento na circulação de linfócitos, assim como no recrutamento celular. Tais efeitos levam ao melhor controle da resposta inflamatória, reduz os hormônios do estresse e resultam em menor incidência, intensidade de sintomas e mortalidade frente à ocorrência de infecções virais, especialmente as respiratórias.
O ideal é fazer exercícios físicos de moderada intensidade, realizados ≥ 3x/semana, com duração de 45 – 60 minutos e/ou 50 – 70% do consumo máximo de oxigênio, estimulam a imunidade celular por meio de aumento da liberação de IL-2, recrutamento de células Natural Killer (NK), redução do estresse oxidativo, elevação da concentração de leucócitos (30 -120 minutos após a atividade física persistindo até 24h), e estímulo ao IFN-y e supressão de IL-1β, IL-6 e TNF-α, proporcionando uma melhor imunovigilância. Portanto, há controvérsias quanto às práticas físicas prolongadas (>2h e/ou 80% do consumo máximo de oxigênio) ou alta intensidade (especialmente de forma não habitual), sem descanso apropriado, com prejuízo na imunidade celular, com maior propensão às doenças infecciosas.
O treinamento realizado de forma controlada e periodizada tem demonstrado melhorar a função imune que fará com que o organismo do infectado seja mais reativo a doença, ou seja, esteja mais pronto para enfrentar e vencer o coronavírus. O exercício físico não imuniza as pessoas contra o COVID-19, mas auxilia na resposta imunológica do corpo.
Grupo de risco e a prática de exercícios físicos
O papel dos exercícios físicos é fundamental, principalmente para o grupo de risco. Possuem três pilares importantes e específicos: capacidade funcional, controle da comorbidade e melhora da imunidade.
A capacidade funcional está relacionada com a capacidade dos indivíduos em realizar suas funções habituais. O problema é que boa parte da capacidade funcional, atrelada às atividades físicas e motoras, está relacionada ao estilo de vida ativo, e o distanciamento social, com a consequente diminuição dos níveis de atividade física, pode gerar graves consequências à saúde.
Apesar de o distanciamento social ser de grande valia para controlar a disseminação do vírus SARS-coV2, é imprescindível que as pessoas, principalmente os idosos, continuem a se exercitar para evitar perdas na sua funcionalidade, pois esse processo de perda de capacidade funcional ocorre rapidamente. Duas semanas sem se exercitar podem ser suficientes para registrar diminuição da funcionalidade e aumento do percentual de gordura em pessoas idosas. Ou seja, é preciso se exercitar mesmo estando em casa.
Indivíduos com comorbidades devem ter o hábito de praticar exercícios físicos, mesmo estando em casa, pois isso diminui o risco de desenvolver complicações associadas ao COVID-19 quando a comorbidade pré-existente está controlada. Por exemplo, no caso do diabetes, se a glicemia estiver controlada, o risco de mortalidade é diminuído, e a prática regular de exercícios físicos é um fator adjuvante no controle glicêmico, assim como no controle da hipertensão arterial, da obesidade, entre outros.
Nutrição e COVID-19
O Conselho Federal de Nutricionistas reforçou a importância de uma alimentação equilibrada e balanceada, rica em nutrientes, além de enfatizar que não existem superalimentos, fórmulas, “shots”, sucos ou soroterapias por infusão endovenosa de nutrientes, que sejam indicados para prevenir ou até mesmo tratar pessoas contaminas pelo vírus.
A restrição calórica leve para perda de peso, somada à prática de exercícios físicos moderados, pode contribuir para melhorar a resposta imunológica e redução das complicações por COVID-19 entre aqueles com excesso de peso. Nesse cenário, profissionais de nutrição e educação física podem auxiliar na adaptação da rotina alimentar e de exercícios durante o período de isolamento e, portanto, prevenir modificações indesejadas no peso corporal e na saúde.
Durante a pandemia, é natural o aumento de sintomas de ansiedade e depressão, que são fatores de risco para a fome emocional e o comer compulsivo muito prevalente entre indivíduos que possuem excesso de peso. A obesidade é um fator de risco para outras comorbidades, e, como já era esperado, está associado a um pior prognóstico em casos de COVID-19.
No entanto, três grandes desfechos são prováveis durante a pandemia de COVID-19: aumento do peso/ compulsão alimentar, carência alimentar/ desnutrição e manutenção do peso/ melhora da qualidade alimentar. A ocorrência desses desfechos será influenciada pela combinação de fatores econômicos, psicológicos e ambientais que determinam o comportamento alimentar.
Considerações Finais
A prática regular de exercícios físicos, mesmo nos tempos de distanciamento social, é de suma importância para aumentar o nosso sistema imunológico, em conjunto com uma alimentação balanceada, rica em nutrientes. Além disso, é muito importante que se enfatize também a redução do comportamento sedentário, ou seja, o tempo sentado, deitado ou reclinado à frente da televisão.
Podemos observar neste artigo que a atividade física é essencial em todas as faixas etárias, principalmente aos idosos, melhorando sua funcionalidade e para os indivíduos com doenças pré-existentes.
Mesmo com o distanciamento social, a prática de exercícios físicos não deve ser esquecida, pois, além de melhorar o sistema imunológico, irá auxiliar os sintomas de depressão, ansiedade e compulsão alimentar.
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