Gabriela Motta
Aluna da pós-graduação de Nutrição Esportiva e Estética
@nutrigabrielamotta
Identificada pela primeira vez na década de 1920 por Albert Szent-Györgyi, a vitamina C, nome químico do ácido ascórbico, recebeu grande importância por ter um papel essencial no tratamento e prevenção do escorbuto resultante da deficiência dessa vitamina. Dentre suas diversas funções empenhadas, a vitamina C é um composto natural caracterizado pelo seu potencial antioxidante e anti-inflamatório, visto que, indivíduos com escorbuto possuem respostas imunes irregulares, além da suscetibilidade à infecções.
Outras funções importantes, estão: participação na biossíntese e reparo do colágeno, cicatrização eficiente, desenvolvimento ósseo, síntese de carnitina, reações redox, produção de esteróides adrenais e catecolaminas, além de metabolismo de aminoácidos, colesterol e absorção de ferro.
Pelo fato de ser uma vitamina hidrossolúvel e instável, a exposição à luz, água ou até mesmo ar, faz com que tenha início reações químicas que levem a redução do nutriente.
Fontes alimentares e recomendação
A quantidade de determinada substância nos alimentos não é exata devido a diversos fatores que implicam nesse cenário, sendo eles: o nível de maturação, clima, solo, estação do ano, condições de processamento, armazenamento e preparação, dentres outros. Em geral, frutas e vegetais correspondem a cerca de 90% da ingestão diária de vitamina C, tendo como principais fontes as frutas kiwi, manga, laranja, limão, e os vegetais como brócolis, tomate e pimentão.
De acordo com a Dietary Reference Intakes (DRI), a ingestão recomendada de vitamina C (RDA) é de 75 e 90mg/d para mulheres e homens, respectivamente. Já no caso de mulheres grávidas e lactantes, a RDA corresponde a 85 e 120mg/d, respectivamente. Apesar de não haver uma recomendação específica, no caso do Brasil, principalmente em algumas cidades como São Paulo, em que muitos indivíduos estão expostos à fumaça ambientes, caracterizando-os como “fumantes passivos”, possuem o status de vitamina C mais baixo do que os não fumantes.
A deficiência da vitamina C é o escorbuto que, caso não seja tratada, pode ser fatal. Os sintomas mais leves da deficiência, podem se iniciar com com mal-estar, fadiga e letargia, o que torna difícil o diagnóstico nessa fase. Dentre outros diversos sintomas da deficiência dessa vitamina, estão: equimoses, cicatrização prejudicada de feridas, gengivite, hemorragias perifoliculares e petéquias. Essa condição clínica é causada principalmente pela má alimentação, tabagismo, gravidez, genética, idade avançada ou jovem, exercício extenuante e condições associadas à síndrome metabólica.
Aplicabilidades clínicas
A anemia ferropriva é uma doença que atinge cerca de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo, e é caracterizada por ser uma condição na qual a concentração sanguínea de hemoglobina se encontra abaixo do valor preconizado. Sua principal causa é a deficiência de ferro, nutriente que participa de todas as etapas dos sistemas respiratórios, oxidativos, anti-infecciosos e de síntese proteica do organismo.
A biodisponibilidade do ferro, por sua vez, é dependente de alguns fatores como a combinação e a composição dos alimentos. Em carnes bovinas, peixes, aves e vísceras, está presente o ferro heme, o qual apresenta alta biodisponibilidade. Já o ferro não heme, possui uma biodisponibilidade mais baixa, o que pode ser aumentado conforme a presença de vitamina C. O ácido ascórbico é responsável por potencializar a absorção do ferro não heme, isso deve-se ao fato do mesmo manter o ferro em seu estado ferroso e, assim, forma o quelato ferro-ascobarto, o qual é mais solúvel e com maior facilidade de ser absorvido.
Além disso, diante do poder antioxidante associado à vitamina C, alguns estudos passaram a identificar a relação entre esse nutriente e o risco de doenças cardíacas. A priori, já foi estabelecido por meio de estudos de coorte a ligação entre o consumo de frutas e vegetais com melhores resultados cardiovasculares.
Seu potencial antioxidante também está intimamente relacionado com a imunidade, visto que sua concentração é alta nas células imunes e, na presença de infecções, por exemplo, essa concentração reduz rapidamente. A atuação nas células imunológicas está no fato de evitar o dano oxidativo das mesmas e auxiliar nas funções dos fagócitos, a produção de citocinas, a proliferação de linfócitos T e a expressão gênica das moléculas de adesão dos monócitos.
Suplementação
De acordo com regulamento europeu, qualquer suplemento com o rótulo ‘Vitamina C’ pode abordar um dos cinco compostos; Ácido L-Ascórbico (vitamina C real), L-Ascorbato de Sódio, L-Ascorbato de Potássio, L-Ascorbato de Cálcio e L-Ascorbil-6-Palmitato, sendo que todos são equipotentes.
Apesar da recomendação da ingestão diária de vitamina C ser de 100-200mg, doses mais altas de vitamina C, até 2.000mg, são usadas para apoiar o sistema imunológico, no caso de atletas, ou reduzir a duração do resfriado comum.
Pelo fato de não ser produzida, nem mesmo armazenada pelo nosso organismo e ser fundamental para diversas ações fisiológicas e antioxidantes, a recomendação da vitamina C deve receber olhares cuidadosos para o aporte adequado desse nutriente e, dessa forma, evitar condições de deficiência.
Em tempos de pandemia pela COVID-19, nutrientes como a vitamina C recebeu ainda mais atenção devido a seu poder indiscutível na saúde imunológica das pessoas, sendo assim, sua procura foi aumentando de forma drástica nos últimos anos.
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